O escritor |
Harold Pinter foi um dramaturgo inglês, nascido em 10 de Outubro de 1930. Em 2005, ganhou o Nobel da Literatura - o que gerou alguma controvérsia, pois diz-se que ganhou o prémio não pelo seu trabalho literário, mas sim por ser contra a invasão britânica no Iraque; por outras palavras, diz-se que ganhou o Nobel à conta dos seus ideais pacifistas.
A obra do post de hoje é Os Anões, livro escrito entre 1952 e 1956, mas que apenas foi publicado em 1989. A obra, basicamente, retrata a vida de quatro amigos londrinos no pós-guerra: as suas preocupações, os seus objectivos, a sua amizade a entrar em colapso.
O livro não foi das melhores coisas que já li, mas é bastante bom. O que cativa neste único romance que Pinter escreveu é mesmo a forma como está escrito, de uma maneira exímia (não me admira que tivesse ganho o Nobel...). Pinter praticamente só usa diálogos, servindo as descrições praticamente como didascálias - o que se deve, talvez, ao facto de ser dramaturgo.
Para quem não tem paciência para ler longas descrições, este livro é o indicado. Podem argumentar comigo, dizendo que um livro que não tem descrições é um mau livro, porém este é um facto falacioso. A verdade é que eu própria pensava assim até ter lido Os Anões - a falta de descrições deixa a nossa imaginação trabalhar, eu diria mesmo que permite que a nossa imaginação voe.
Outro ponto de destaque nesta obra é a maneira realista com que Harold Pinter reproduz os diálogos; o escritor põe neles referências a conversas passadas, entrelinhas, indirectas, mudanças repentinas de assunto, excitação, enfado, alegria ou tristeza.
O livro não descreve uma realidade muito trágica, mas também não nos traz personagens com vidas propriamente alegres - é uma coisa normal, digamos assim, cada tem a sua vida e os seus problemas.
Em suma, este é um livro que merece ser lido.