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Contos Fantásticos, de Allan Poe

23/06/2011


Como está no título, o livro é composto por contos, onze, para ser mais precisa.Vou fazer um resumo de cada um deles.

O primeiro é Metzengerstein.

Este conto é húngaro, e conta a história de duas famílias rivais, Berlifitzing e Metzengerstein. Esta era mais rica do que a primeira.
Wilhelm era o conde de Berlifitzing, que tinha uma idade avançada, mas nem por isso deixara de praticar as suas paixões: caçadas e cavalos. No entanto, o único herdeiro dos Metzengerstein tinha ficado órfão aos dezoito anos de idade, aproveitava a fortuna festejando e fazendo orgias, incluindo os criados. Uma tarde mandou atear fogo aos estábulos da família rival. Enquanto o fogo persistia, o jovem apreciava as pinturas e tapeçarias dos seus antepassados, e reparou num cavalo com olhos que pareciam que estavam vivos, que nunca tinha antes reparado. E então sabe que o velho rival morrido entre as chamas dos estábulos a tentar salvar o seu cavalo preferido.
O jovem é chamado às portas do palácio, pois encontraram um cavalo gigantesco. Metzengerstein reconhece o animal de uma tapeçaria que tinha visto há pouco, e fica apaixonado pelo animal, e é ele apenas que o consegue domar.
Nos dias seguintes, o cavalo e o cavaleiro eram pareciam um só, pois o jovem apenas estava com o cavalo.
Numa noite tempestuosa, o jovem acorda e sai a correr do palácio, e monta no seu cavalo, que o leva para longe. Os criados acordaram e viram que o castelo estava a arder, e fugiram. E então viram o seu amo, cavalgando a sua montada saltar para o meio das chamas do castelo. A tempestade acalmou, e por cima das chamas ergue-se uma grande quantidade de fumo em forma de um cavalo gigantesco.


o segundo é... Ligeia!

Ligeia era uma mulher inteligente, com uma voz suave e profunda, e uma beleza rara, pois não obedecia aos padrões de beleza da antiguidade. O narrador estava casado com ela, e amava profundamente os seus olhos, grandes, pretos, as pestanas cor de jade muito compridas, as sobrancelhas tinham a mesma cor. O narrador meditava sobre a beleza destes olhos.
Até que Ligeia adoeceu. Numa noite, antes de morrer, obrigou o narrador a decorar este poema:

"Reparai! é noite de gala
Desde estes últimos anos desolados!
Uma multidão de anjos, alados, enfeitados
Com véus, e afogados em lágrimas,
Acha-se sentada num teatro, para ver,
Um drama de esperança e de temores,
Enquanto a orquestra suspira espaçadamente
A musica das esferas.

Mimos, feitos à imagem do Deus muito alto,
Resmungam e rezingam baixinho
E adejam por aqui e por ali;
Pobres bonecos que vão e vêm
Segundo o comando dos imensos seres sem forma
Que transportam a cena de um lado para o outro,
Sacudindo com as suas asas de condor
A invisível Desgraça!

Este drama matizado oh! decerto
Não será olvidado,
Com o seu Fantasma eternamente perseguido
Por uma multidão que não pode agarrá-lo,
Através de um próprio círculo que se volta sempre
Sobre si próprio, exactamente no mesmo ponto!
E muita Loucura, e ainda mais Pecado
E Horror constituem a alma da intriga!

Mas reparai que através da confusão dos mimos,
Uma forma rastejante faz a sua entrada!
Uma coisa tinta de sangue que chega torcendo-se
Da parte solitária da cena!
Torce-se! Torce-se! - Com angústias mortais
Os mimos tornam-se o seu repasto,
E os serafins choram ao verem os dentes do verme
Mastigar coágulos de sangue humano.

Todas as luzes se extinguem - todas, todas!
E sobre cada forma tiritante
A cortina, imenso lençol mortuário,
desce com a violência de uma tempestade,
E os anjos, muito pálidos e macilentos,
Erguendo-se e tirando os véus, afirmam
que este drama é uma tragédia que se chama Homem,
e cujo herói é o verme conquistador."

Mal o narrador acabou de recitar o poema, Ligeia morreu.
Passando uns tempos, o narrador voltou a casar com outra mulher, Lady Rowena Trevanion de Tremaine, loira de olhos azuis.
Esta, por fim, também acabou por adoecer. Enquanto estava neste estado, alertava muitas vezes o narrador de que via e sentia alguém no quarto. O narrador, que desde que Ligeia morreu se tinha viciado em ópio, não sentia nada, e sempre que sentia, culpava o seu vicio.
Uma noite, Rowenda estava pior, e o narrador deu-lhe um vinho receitado, e enquanto ela bebia, o narrador viu que caíram umas gotas vermelhas no vinho, as quais a sua mulher obviamente não tinha visto, porque bebeu-o todo. O narrador, com medo de alterar ainda a alterar mais, não disse nada, apesar de constatar que depois destas gotas a sua mulher piorou, por isso morreu na terceira. Os criados preparavam-na para o seu túmulo, e deixaram-na no sudário, com o narrador a acompanhá-la. Até que ouviu um soluço vindo da sua mulher morta. Foi vê-la e reparou que a cara estava a ganhar uma cor muito leve. Mas logo a seguir voltou à brancura da morte. Passado uma hora, ouviu um suspiro. Correu para ela, e viu que ia ganhando vida, mas de repente, também voltou ao seu estado cadavérico. O narrador tinha perdido toda a esperança, apesar de cada vez mais o corpo se mexer e suspirar. E o corpo sentou-se, e o narrador viu cabelos negros, muito negros, e o cadáver, que mantinha os olhos fechados, abriu-os, mostrando o esplendor dos olhos de Ligeia.



Morella

O narrador casou-se com Morella, uma mulher muito culta que passava os seus dias na cama a ler e a ensinar o seu marido. Até que ela morre a dar à luz uma menina, dizendo que ela será igual a si. Esta menina é exactamente igual à mãe, na inteligência e fisicamente. O narrador não lhe queria dar o nome da mãe, porque esta o tinha “amaldiçoado” a odiá-la, por isso apenas lhe chamava “minha filha”. Mas quando a baptizou, contra o seu senso, disse ao padre o nome da menina: Morella.
No entanto, esta acabou por morrer, e quando ia sepultar e filha no jazigo da mãe, viu que não havia vestígios desta.

Eleonora

O narrador vivia com a sua prima, Eleonora e com a sua tia, no vale da Relva-Matizada. Depois de terem vivido juntos por quinze anos, apaixonam-se, e o vale enche-se de cor pelo seu amor.
No entanto, Eleonora adoece. Mas não tem medo da morte; tem é medo que o narrador se esqueça dela e que a deixe de amar. Ele promete que não o fára.
Depois da morte da amada, o vale perde a sua cor, e o narrador muda para outra cidade, onde conhece uma mulher linda, Ermengarde e casa com ela. Eleonora visita-o, uma noite, e dá-lhe a bênção de poder ser feliz com o seu novo amor.



A Queda da Casa de Usher

O narrador foi convidado por Roderick Usher para passar uns dias na sua casa, pois este estava deprimido porque a sua irmã estava muito doente. O narrador foi, e os dois passavam os dias a desenhar, ler e escrever. Até que a irmã morre e Usher decide sepulta-la num dos jazigos que estavam por baixo da sua casa.
Eles fizeram-no, e a partir desse momento, Uhser fica demente.
Uma noite, o narrador levantou-se da cama porque estava muito incomodado com a enorme tempestade que estava a decorrer. Usher apareceu no seu quarto, e o narrador decidiu entretê-lo, lendo um livro. Enquanto lia o livro, ia-se ouvindo barulhos coincidentes com a narrativa do livro. O narrador, assustado, olhou para Usher, que estava sentado com as mãos na cara, e perguntou o que se passava. Este responde que os barulhos que tinham ouvido eram a sua irmã a sair do seu túmulo, porque a tinham sepultado viva, e que naquele preciso momento, ela estava por detrás da porta do quarto. Mal acaba de pronunciar isto, a porta abre-se e aparece a figura da irmã, que cai sobre Usher. O narrador, aterrorizado, sai da casa a correr, e quando olha para trás, vê-la a ser engolida pelo lago que estava ao lado da casa.



William Wilson

O narrador conta uma história que começa na sua infância, quando conhece outro rapaz exactamente igual a si, e os dois competem em tudo. Eram iguais, com apenas uma pequena diferença: o “imitador” do narrador apenas podia falar com um sussurro, mas imitava o timbre do primeiro. Uma noite entrou no quarto do imitador, e com horror, viu que a sua cara era exactamente igual à sua.
William acaba por mudar de escola, e torna-se uma pessoa “corrupta”, tentado envolver-se com uma mulher casada ou enganar um nobre rico, mas parvo, no jogo. Em cada acção imoral que faz, o duplo aparece e denuncia-o.
Farto, num baile em Roma, o seu duplo aparece e William desafia-o e mata-o. Depois de William fazer isso, um grande espelho, surge do nada. Reflectido nele viu a sua própria imagem, mas coberto de sangue. Sem saber, tinha-se morto a si mesmo. 



O Gato Preto 

O narrador começa a história dizendo que sempre gostou de animais. Ele e a sua esposa, também amante de animais, tinham muitos, incluindo um gato preto chamado Plutão, que o narrador gosta muito. A amizade entre os dois dura anos, até que o narrador torna-se alcoólico. Uma noite, bêbedo, chegou a casa e não viu o gato, e pensa que este está a evitá-lo. Então procura-o, encontra-o, e agarra-o com muita força. O gato, assustado, morde-o, e ele saca de um canivete e tira um olho ao gato, de propósito.
A partir daí, o gato foge do dono, com medo, e o narrador sente remorsos pelo que fez. Mas depois começa a sentir-se irritado com o gato, e pega no gato e enforca-o.
No dia seguinte, o narrador retorna às ruínas de sua casa para encontrar, impressa na única parede que sobreviveu ao incêndio, a figura de um gato gigantesco, com uma corda à volta do pescoço.
O narrador, ao ver a parece, fica aterrorizado, mas arranja uma explicação. Passado algum tempo, encontra um gato semelhante. Era do mesmo tamanho que Plutão e era preto, mas tinha uma mancha branca no peito, e decide leva-lo para casa. Um dia, o gato aparece sem um olho, do mesmo lado que Plutão, e a sua manchinha no peito começa a transformar-se numa forca definida.
Então, um dia, quando o narrador e sua esposa estavam a ver a cave da sua nova casa, o gato meteu-se no meio das pernas do narrador, e este ia caindo. Farto, tenta matar o gato com o machado, mas a sua mulher mete-se no meio e apanha com o golpe.
Começou por esconder o corpo, e tirou os tijolos de uma saliência na parede, e põe, com cuidado, o corpo ali. Voltou a pôr os tijolos, e viu que tinha escondido tudo perfeitamente.
Nos dias seguintes, começou uma investigação, e para alegria do narrador, o gato tinha desaparecido.
No último dia da investigação, o narrador acompanha a polícia para o cave. Eles ainda não tinham encontrado nada, e o narrador, completamente confiante na sua própria segurança, comenta a robustez do edifício e bate com a bengala exactamente no sítio onde tinha emparedado a mulher, e ouviu-se um som. A polícia tratou logo de derrubar a parede, e viram o cadáver da esposa, com o gato em cima da cabeça. Tinha emparedado a mulher juntamente com o gato.



O Poço e o Pêndulo

A história passa-se durante a Inquisição Espanhola. O narrador é levado ao tribunal e é condenado à morte.
Acordou num sítio escuro, e pensa que está trancado num túmulo, mas descobre que está numa cela, e decide explorá-la. Como não via nada, para saber onde começava e acabava, pôs uma tira do seu manto contra uma parede, mas antes de conseguir contar os paços que tinha a sua cela, desmaiou.
Quando acorda sente comida e água à sua beira. Decidido, levanta-se e tenta medir a prisão, e descobre que mede cem passos. Enquanto atravessava a sala, tropeça em alguma coisa. E descobre que é um poço.
Voltou a desmaiar, e quando acordou, vê que está tudo um pouco iluminado, e ele está preso numa placa de madeira com cordas. Olhando para cima viu um retrato do Pai Tempo pintado no tecto, e nesta figura está pendurado um pêndulo, que balançava lentamente de trás para a frente, da esquerda para a direita.
O narrador, tentando fugir à morte de ser cortado ao meio, pegou num bocado da sua comida e esfregou-a nas cordas que o prendiam, para atrair ratos e para estes roerem as cordas. Até que finalmente se liberta, mas por pouco.
E então, depois de se soltar, as paredes começaram a ficar vermelha vivo e quentes, e começaram a mexer-se para dentro, guiando-o para o poço. Mas as paredes começam a recuar, e ouve vozes, e sente que um braço que o puxa. O exército francês tinha tomado Toledo.


O Coração Revelador

O narrador, que era muito nervoso e ouvia extraordinariamente bem, vivia na mesma casa que um velho, que tinha um olho azul com cataratas. Este olho atormenta o narrador, e este decide matar o velho, apesar de este nunca lhe ter feito mal nenhum.
Foi ao quarto do velho, durante sete noites, para observar o observar, à espera que ele abrisse aquele olho.
Na oitava noite, o velho acordou e sentou-se na cama, enquanto o narrador fazia o mesmo ritual que tinha começado uma semana atrás. O narrador esperou um bocado, mas depois decidiu abrir a sua lanterna um bocadinho, e viu o olho do velho. Ouviu o coração do velho bater demasiado rápido, e este soltou um grito. O narrador atira a cama sobre ele, e sufoca-o. Para esconder o corpo, desmembrou-o e meteu-o entre os soalhos do quarto.
No entanto, o grito assustou alguns vizinhos, e a polícia foi à sua casa ver o que se tinha passado. O narrador convida os três oficiais a examinar a casa, afirmando que os gritos tinham sido seus, devido a um pesadelo. E o velho? Este estava fora do país. Confiante de ter cometido o crime perfeito, o narrador traz cadeiras para os policias e sentam-se todo na sala do velho, no mesmo local onde o corpo está escondido, mas como eles não suspeitavam de nada, o narrador age normalmente.

O narrador, no entanto, começa a ouvir um barulho fraco. O ruído vai crescendo. É o coração do velho! O som vai aumentando, e aumentando, e os oficiais não ouvem nada. Então farto do barulho, não aguentando mais, grita a verdade: tinha morto o velho! Bastava retirar aqueles soalhos. E tudo por causa do bater horrível daquele coração.



O Retrato Oval

O conto começa com o narrador ferido, procurando desesperadamente por refúgio. Encontra uma mansão nos Apeninos, e decide ficar ali um bocado. Então, começa a admirar as obras de arte que estão no quarto onde decidiu ficar. Encontra, sem querer, um quadro muito realista, e fica a contemplá-lo, mas cansou-se de olhar e procura uma explicação no livro.
A narrativa muda, e conta a história do quadro: foi pintado por um artista excêntrico, sendo o retrato da sua jovem esposa. Mas no entanto, o quadro estava a ficar tão realista que ficou obcecado, e deixou de olhar para a sua mulher. Quando finalmente acaba o quadro, exclama: "É na verdade, a própria Vida!". Olhou para a sua mulher: estava morta.



O Barril de Amontillado

Montresor foi insultado por Fortunato, e decidiu vingar-se. Como este se gabava de ser um grande conhecedor de vinhos, o narrador disse que tinha comprado um barril de Amontillado, e queria que Fortunato visse se era Amontillado ou não. Levou-o às caves de vinho do seu palácio, e condu-lo a um nicho. Empurra-o lá para dentro, e começa a emparedar o nicho, deixando a morrer lá Fortunato.
Já se tinham passado cinquenta anos e nunca ninguém soubera.


Pronto. Não sei se repararam, mas tentei contar os contos o mais resumidamente possivel, para quem não ler, ter um incentivo. Aconselho, pois só os finais valem a pena.


*A minha edição é da Guimarães, de 2009.
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