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Aventuras de Sherlock Holmes II e III, de Arthur Conan Doyle

03/08/2011

*Os resumos contêm spoilers.
*Os títulos das histórias são links para lerem as mesmas.
*Estas histórias fazem parte do conjunto de contos "Aventuras de Sherlock Holmes". Na colecção da Global Notícias, são os volumes 7 e 11 (Aventuras de Sherlock Holmes II e Aventuras de Sherlock Holmes III).


A Liga dos Cabeça Vermelha – Até agora, foi a história de Arthur Conan Doyle mais cómica que li. Não pela maneira como escreve, não pela maneira como Sherlock Holmes resolve o mistério ou como o seu cliente vai ter com ele, mas simplesmente pelo caso que Holmes tem que resolver.

Um senhor de cabelo vermelho (pois…) perdeu o seu emprego de uma maneira abrupta – chegou ao seu escritório e leu um aviso na porta de que a “empresa” onde trabalhava foi dissolvida. Perguntou nos escritórios adjacentes pelo seu patrão, porém ninguém o conhecia. Como o emprego era bom, pagava bem, e simplesmente consistia em copiar a Enciclopédia Britânica pela manhã, o senhor Wilson resolve pedir a ajuda de Holmes.

Chega a Holmes com um anúncio curioso de um jornal, que procurava um empregado de cabelo vermelho para a Liga dos Cabeça Vermelha. O ajudante do senhor Wilson convenceu-o a aceitar o emprego. Sherlock Holmes decide ver as imediações da casa/loja do seu cliente e chega a conclusões certeiras: a Liga dos Cabeça Vermelha foi uma invenção de um afamado criminoso para ter acesso à casa de Wilson e cavar um túnel até ao banco, que ficava no outro lado da rua.

Contudo, nem tudo é mau: o mistério foi resolvido a tempo e o senhor Wilson “ganhou mais umas trinta libras, para não falar dos grandes conhecimentos que adquiriu de todos os assuntos mencionados sob a letra A. Por isso não teve prejuízo.”


Um Caso de Identidade – Se a história anterior foi cómica devido à natureza do crime, esta é o exacto oposto e chega mesmo a ser triste. Mary Sutherland procura Sherlock Holmes para que este a ajude a descobrir o paradeiro do seu noivo desaparecido, que desapareceu no próprio dia do casamento.

Mary conta a sua história: é dactilógrafa e recebe anualmente uma herança da parte do seu pai que faleceu, mas quem usufrui dessa herança é a sua mãe e o seu padrasto. Conheceu o seu noivo numa festa que o seu padrasto a proibiu de ir. Contudo, tanto ela como o noivo correspondiam-se, mas as cartas dele eram sempre dactilografadas, assinadas à máquina e Mary nunca chegou a saber da morada do seu noivo, nem mesmo onde trabalhava.

Apenas se viam pessoalmente quando o seu padrasto estava em viagens de trabalho, e o seu noivo fê-la jurar amor eterno e que nunca o trocaria por ninguém. O noivado teve a aprovação calorosa da mãe de Mary.

Holmes escreve umas cartas para aqui e acolá e descobre que o noivo de Mary trabalha onde trabalha o padrasto de Mary. Com a descrição que Mary lhe fez do noivo e umas perguntas no local de trabalho do seu padrasto, chega a uma conclusão aterradora: o noivo era o padrasto de Mary disfarçado. O porquê é bastante óbvio: queria continuar a receber a herança da enteada.


As cinco sementes de laranja – Esta história parece-nos bastante estranha ao princípio mas, como sempre, revela-se com muita lógica. Porém, apenas se revela com lógica porque Watson nos faz o favor de descrever o raciocínio de Holmes.

Ao longo das histórias, Holmes vai “renunciando” a sua reputação de ser um ser extraordinário, argumentando que apenas observa os factos. E tem razão. Podemos chamar-lhe um génio, mas não podemos esquecer o facto de que ele somente observa os acontecimentos e os pormenores e tem um conhecimento de certas áreas que o tornam um especialista – e isso dá-lhe uma vantagem sobre os outros comuns mortais.

Um jovem apavorado vai ao encontro de Sherlock Holmes numa noite tempestuosa e, naturalmente, conta ao detective o que lhe sucedeu. Numa maneira bastante resumida, o caso do jovem é o seguinte: tanto o seu tio (que viveu nos EUA) como o seu pai foram mortos depois de receberem uma carta com cinco sementes de laranja, cujo sobrescrito dizia apenas K.K.K. (no caso do pai do jovem, a carta vinha com uma nota).

O jovem foi ao encontro de Holmes porque recebeu a mesma carta e, como aconteceu com o seu pai, a carta continha uma nota a avisá-los de que “os papéis” deveriam ser postos no relógio de sol. Acontece que, tristemente, os papéis tinham quase todos sido queimados pelo seu tio. Que lhe aconselha Sherlock Holmes, então?

Aconselha-o a colocar o papel que sobrou sobre o relógio de sol e uma nota a informar o remetente das cartas de que os restantes papéis já não existiam. O jovem, agradecido, vai-se embora.

Holmes, depois do jovem sair, começa a investigação. Vai à sua Enciclopédia Americana e encontra a entrada Ku Klux Klan (KKK). O KKK estava descoberto e, a partir daí, foi fácil descobrir o motivo da morte dos dois homens: os papéis eram incriminatórios e importantes.

Na manhã seguinte, Holmes sabe pelo jornal que o jovem morreu. Tanto o jovem como o seu pai nada tiveram que ver com os papéis. Mesmo assim, o detective tenta apanhar os criminosos e consegue descobrir que eles iriam estar a bordo num navio. Então, resolve enviar-lhes também umas sementinhas. Contudo, os criminosos nunca chegaram a receber a carta de Holmes.

Como uma espécie de consolação, resta-nos saber que o navio onde iam os criminosos naufragou.


O Homem do Lábio Torcido – Mais uma história um tanto quanto cómica, devido ao caso que Sherlock Holmes tem que resolver. Desta vez, ajuda a senhora St. Clair.

Watson encontra Holmes numa casa de ópio. Enquanto Watson foi buscar um paciente seu, Holmes estava a investigar o caso. Torna-se óbvio que, a pedido do seu amigo, Watson junta-se a ele para o ajudar a resolver o caso.

E qual é o caso? De maneira concisa, é o seguinte: a senhora St. Clair estava a passear na Swandam Lane quando viu o seu marido numa janela dum prédio – muito curiosamente, no prédio da casa de ópio. Ficou admirada, porém a sua admiração aumentou quando o marido gritou e foi puxado para trás.

Tentou ver o que se passava, mas o dono da casa de ópio não a deixou passar. A senhora St. Clair foi chamar a polícia e conseguiram ir até ao aposento onde tinha visto o seu marido. Não havia sinais do marido, a não ser a sua roupa (menos o casaco), estando no quarto um mendigo de lábio torcido que negou ter visto o que quer que seja. A polícia encontra vestígios de sangue e pensa que é de St. Clair e prende o sujeito.

A senhora St. Clair pede então a ajuda de Sherlock Holmes. O desfecho da história é deveras fantástico: o mendigo é St. Clair e não foi cometido crime algum. Como é que Holmes chegou a essa conclusão? Sentado em almofadas – e mais não nos é dito.


A Faixa Malhada – Se já aqui foram descritas, decerto, histórias estranhas, talvez seja esta a que apresenta uma maior estranheza. Não é de espantar, uma vez que Sherlock Holmes gosta mais de resolver estes casos intrincados.

Helena Stoner foi consultar o detective para resolver um mistério que envolvia a sua irmã gémea, morta dois anos antes, e a própria. Começou por contar a história da sua vida – o que, como temos visto até agora, revela-se sempre importante na resolução do caso. O que interessa para aqui: o seu padrasto foi médico na Índia e gosta de animais exóticos daquele país; a mãe das jovens morreu e elas receberam uma herança.

A jovem contou que pouco antes do casamento de sua irmã, esta foi ao seu quarto por causa do cheiro forte a tabaco que vinha do quarto do padrasto (os quartos eram contíguos) e ficaram a conversar. A sua irmã perguntou-lhe se costumava ouvir um assobio fraco durante a noite, e a resposta foi negativa. Nessa mesma noite, Helena ouviu um grito aterrorizado da sua irmã e foi ajudá-la. A rapariga apenas apontava para o quarto do padrasto e gritava “a faixa malhada” – não tardou muito para que morresse.

Passaram-se dois anos e agora Helena começou a ouvir o assobio. Sherlock Holmes decide, então, ir a sua casa para ver como as coisas andam. Como a casa está em obras, Helena está no quarto que está a sua irmã. Chegou à conclusão de ninguém poderia ter matado a jovem porque não dava para entrar pela janela ou pela porta e reparou num pequeno ventilador.

O detective aconselhou a jovem dormir no seu quarto naquela noite, enquanto ele e Watson ficariam de vigia no quarto contíguo ao quarto do seu padrasto. A determinada altura, ouviram um assobio e Holmes começou a bater com força em qualquer coisa.

Essa coisa era uma cobra, que matou o seu dono. E o caso ficou resolvido: o padrasto de Helena queria matá-la, tal como fez com a irmã, para continuar a receber a herança e, para esse fim, usou a cobra malhada que treinou.


O Solteirão Nobre – Mais um caso que envolve um casamento. Desta vez, Lord St. Simon pede ajuda de Holmes porque a sua noiva desapareceu no próprio dia do casamento, depois do almoço.

A sua noiva era uma filha de um milionário americano e tinha chegado há pouco tempo em Londres. Estava bem-disposta e de bom humor no dia do próprio casamento, mas ficou incomodada quando o seu ramo de flores caiu e um rapaz o devolveu. Quando chegou a casa, falou com a sua aia sobre uma transacção e foi almoçar. Pouco depois, retirou-se dando a desculpa de uma dor de cabeça e nunca mais apareceu.

Sherlock Holmes parte para as suas investigações e ainda tem de aturar o Lestrade que, pelos vistos, ainda não aprendeu que Holmes, na maior parte das vezes, resolve os casos mais rápido que ele.

A teoria de Lestrade: a noiva foi raptada por Flora Millar, que apareceu no almoço de casamento e fez um escândalo – um caso de ciúmes, portanto. Lestrade encontrou o vestido de noiva no rio com um bilhete no bolso que dizia para a noiva ir ter com F.H.M.

A teoria de Holmes: Flora Millar não tem nada a ver com o caso. E o bilhete que Lestrade encontrou era uma conta de hotel (um hotel muito caro) e no verso é que estava o recadinho.

Holmes saiu de casa para investigar o caso. À noite, em Baker Street estavam o Lord St. Simon, a sua noiva, e o marido da sua noiva – para além, claro, do próprio Holmes e de Watson. O caso é simples: a noiva de Lord St. Simon casou-se nos EUA e pouco depois pensou que o marido tinha morrido. Quando viu, na Igreja, que o marido estava realmente vivo, decidiu fugir com ele. Todavia, Sherlock Holmes aconselhou o casal a contar a verdade a Lord St. Simon.


As Faias Cor de Cobre – Este é mais um caso bastante singular mas que, ao princípio, pareceu ser tão banal que até enfadou Sherlock Holmes. Uma jovem que trabalhava como governante vai ao seu encontro para perguntar se deverá aceitar um emprego.

O motivo de consultar o detective apenas por isso é bastante razoável: na agência de empregos, um senhor insistiu para que aceitasse trabalhar na casa dele. Pagava 100 libras por ano, mas a rapariga teria de vestir certos vestidos, sentar-se em certos lugares e cortar o cabelo muito curto.

Holmes aconselha-a a aceitar o emprego e diz-lhe que quando houver qualquer problema para o contactar. Passados alguns dias, recebe um telegrama da jovem a pedir-lhe com urgência que vá ter com ela.

Assim sendo, ele e Watson vão ao encontro da jovem, que lhes conta o seu caso deveras invulgar. De uma maneira resumida, o que aconteceu foi o seguinte: os seus patrões disseram-lhe para vestir um vestido azul e para se sentar em frente à janela da sala, enquanto o seu patrão lhe contava umas histórias bastante engraçadas. Isto continuou até que um dia um rapaz parou em frente à janela e ficou a olhar para ela – e nada de mais aconteceu.

Quando a jovem estava no seu quarto a arrumar a sua roupa, descobriu numa gaveta da cómoda uma trança de cabelo, igual ao seu próprio cabelo – atónita, verificou a sua mala e viu que lá estava a sua trança. Ficou perturbada e curiosa, mas continuou com os seus trabalhos.

Uma vez, viu um dos outros empregados a entrar com um saco de comida numa parte “inabitada” da casa e, curiosa, foi para o jardim mas apenas verificou que as janelas estavam fechadas. Quando teve a oportunidade, foi para essa parte da casa, mas o seu patrão ameaçou que soltava o cão quando ela voltasse a entrar ali.

Holmes chegou à conclusão de que a filha do patrão da jovem estava trancada no quarto e, quando os donos da casa saíssem, ele, Watson e a governanta iriam salvá-la. Acontece é que a rapariga já tinha conseguido escapar, ajudada pelo seu noivo.

Porque é que a rapariga foi trancada? Simples, porque iria casar-se e o seu pai queria livrar-se do noivo para continuar a receber a herança da filha (mais uma vez, um crime movido pelo dinheiro). A governanta foi escolhida por se parecer com a filha do patrão e dar a parecer ao seu noivo que estava contente sem ele (daí as histórias hilariantes na janela, o vestido e o cabelo cortado).
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