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O Pregador Atormentado, de Thomas Hardy

08/07/2011



Thomas Hardy foi um escritor inglês nascido em 1840 conhecido pelas suas narrativas que se passam em Wessex (terra imaginada pelo autor no sudoeste de Inglaterra) e pelo vincado pessimismo que transmite nessas mesmas narrativas.

O Pregador Atormentado (The Distracted Preacher), conto de 1879, relata-nos a história de Richard Stockdale, um ministro metodista que vai exercer as suas funções temporariamente em Nether-Moynton. Lá chegado, vai viver na casa de uma viúva pela qual se apaixona, Lizzy Newberry.

Ora, o que Stockdale não sabe, mas chega a descobrir por causa da sua constipação, é que Lizzy contrabandeia álcool – e sabe-o porque precisava duma cura para a sua enfermidade. E é a partir desta premissa que a história se desenvolve: o amor de Stockdale e os seus princípios honestos que entram em conflito com as actividades de Lizzy. Daí o seu tormento.

Stockdale tenta convencer Lizzy de que não pode continuar a contrabandear álcool, que é ilegal e imoral, mas apesar dos seus argumentos, Lizzy continua a fazer o que, segundo a própria, lhe está no sangue. Chega a altura de Stockdale partir, deixando Lizzy (e ele próprio) de coração partido, porque Lizzy não renuncia a sua “profissão”. Contudo, passados dois anos, Richard regressa e casa-se com Lizzy, que deixou o contrabando de álcool.

Um final feliz? Não. Este não é o final original que Hardy queria para a história e apenas foi feito porque assim ditavam os gostos literários ingleses da altura. O final pretendido pelo escritor é exactamente o contrário: Lizzy casa-se com Jim, o seu primo e parceiro de negócios, e partem (melhor será dizer: fogem) os dois para os Estados Unidos. Quanto a Stockdale, não sabemos, mas provavelmente continuou com a sua vida.

Como podem ver, o final original é triste e miserável para Stockdale, que saiu da história vencido pela vida – bem vistas as coisas, é um final mais acertado para os acontecimentos narrados e que mais tem a ver com a realidade das coisas. De qualquer maneira, um final agradável de vez em quando não faz mal a ninguém…

*Imagem: quadro de Frederick Leighton, intitulado The Painters Honeymoon, de 1864, cujo detalhe faz parte da capa do livro. 
**Se seguirem o blogue, recebem rebuçados, chupa-chupas, gomas e algodão-doce. 
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