José Saramago. Imagem encontrada aqui. |
16 de Novembro, dia do nascimento de José Saramago (que faria hoje 91 anos - ou faz, porque o autor já tem estatuto de imortal) e, agora, Dia do Desassossego. O Dia do Desassossego não é nada mais que ir para a rua e ler um livro, de preferência que desassossegue, um livro que nos ponha a reflectir sobre a condição humana e social, seja ela qual for, um livro que incomode, um livro que seja forte, um livro que nos mude.
«Vista à distância, a humanidade é uma coisa muito bonita, com uma larga e suculenta história, muita literatura, muita arte, filosofias e religiões em barda, para todos os apetites, ciência que é um regalo, desenvolvimento que não se sabe aonde vai parar, enfim, o Criador tem todas as razões para estar satisfeito e orgulhoso da imaginação de que a si mesmo se dotou. Qualquer observador imparcial reconheceria que nenhum deus de outra galáxia teria feito melhor. Porém, se a olharmos de perto, a humanidade (tu, ele, nós, vós, eles, eu) é, com perdão da grosseira palavra, uma merda. Sim, estou a pensar nos mortos do Ruanda, de Angola, da Bósnia, do Curdistão, do Sudão, do Brasil, de toda a parte, montanhas de mortos, mortos de fome, mortos de miséria, mortos fuzilados, degolados, queimados, estraçalhados, mortos, mortos, mortos. Quantos milhões de pessoas terão acabado assim neste maldito século que está prestes a acabar? (Digo maldito, e foi nele que nasci e vivo...) Por favor, alguém que me faça estas contas, dêem-me um número que sirva para medir, só aproximadamente, bem o sei, a estupidez e a maldade humana.»
José Saramago (citação retirada do site da Fundação José Saramago).
Deixo aqui, portanto, uma lista de livros que desassossegam, que tratam sobre a condição humana. Uma lista pequena, não muito significativa, mas que talvez seja útil.
- O Deus das Moscas, de William Golding
- Cândido, de Voltaire
- O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde
- Caim, de José Saramago
- As Intermitências da Morte, de José Saramago
- A Voz Subterrânea, de Dostoiévski
- Tempos Difíceis, de Charles Dickens
- Os Demónios, de Dostoiévski
- Werther, de Goethe
- Diário de um Louco, de Nikolai Gógol
- A Peste Escarlate, de Jack London
- Crónica de uma Morte Anunciada, de Gabriel García Márquez
- O Fio da Navalha, de Somerset Maugham
- Utopia, de Thomas More
- Cartas a um Jovem Poeta, de Rainer Maria Rilke
- O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago
- Frankenstein, de Mary Shelley
- Hamlet, de Shakespeare
- Santa Miséria, de Frans Eemil Sillanpaa
- Um Embuste Perfeito, de Italo Svevo
- O Rapaz Perdido, de Thomas Wolfe
- Oliver Twist, de Charles Dickens
- Húmus, de Raul Brandão
- Anotação do mal, de Jaime Rocha
- Leite Derramado, de Chico Buarque
- O Coração das Trevas, de Joseph Conrad
- O Sonho de um Homem Ridículo
- Máscaras do Destino, de Florbela Espanca
- O Último Dia de um Condenado, de Victor Hugo
- Os mortos mandam, de Vicente Blasco Ibañez
- Onde Vivi e Para Que Vivi, de Henry David Thoreau
- Sermões, de Padre António Vieira
- De Profundis, de Oscar Wilde
Os livros não têm nenhuma ordem específica e estão presentes apenas obras literárias. Certamente faltarão livros ou, ainda, haverá livros que não têm lugar nesta lista - mas acredito que cada um tenha a sua lista de livros que incomodem (pelas mais variadas razões). Porque, enfim, o importante é permitir que um livro nos desassossegue.