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Noites Brancas, de Dostoievsky

02/05/2011

O narrador, um jovem sonhador e solitário,  estava um dia a dar o seu passeio rotineiro, quando viu uma jovem a chorar, na ponte de Niéva. Como ela era muito bonita, segue-a e ajuda-a quando ela é atacada por um assaltante. Então, começaram a falar um com o outro. Durante quatro dias, encontraram-se sempre no mesmo sítio, para falarem, e O narrador conta a sua história a Nástienhka (o nome da jovem).

A sua vida (a do narrador) é muito aborrecida, sem amigos, e este sente que todos que conhece os abandonam, por isso preenche-a sonhando. Conta isto a Nástienhka de uma maneira tão elaborada que esta fica muito espantada, cheia de pena dele.


Depois a sua jovem amiga conta a sua história: ela vive com a avó porque os seus morrerem. A sua avó é cega, e por isso, como ser saber onde a sua neta está, juntou a sua saia à de Nástienhka com um alfinete de ama.  Esta, para combater o aborrecimento, lia romances. Até que um hóspede decidiu alugar um quarto da casa, e vê Nástienhka pela primeira vez. Depois de se conhecerem um bocadinho melhor, o inquilino promete que quando voltar de uma viagem de negócios, daí a um ano, casarse-ão os dois, e encontrar-se-iam na ponte Niéva. Tinha passado um ano, e Nástienhka sabia que ele estava na cidade, e ainda não a tinha vindo ver. Por isso é que Nástienhka estava a chorar na ponte.

O narrador, ao ouvir isto, diz à sua amada (entretanto ele paixonou-se por ela) para escrever uma carta para o inquilino, dizendo que se ainda tinha algum interessa nela, deveria ir ter com ela à ponte no dia seguinte.

Assim fizeram. Esperaram os dois (o narrador mais Nástienska), mas o inquilino não apareceu. Desesperada, a chorar, Nástienhka atira-se para os braços do narrador, e diz que o ama. Então, aparece o inquilino. Um momento de silêncio. Nástienhka deixa o narrador e corre para o inquilino. Vão-se os dois embora. O narrador fica sozinho, como sempre esteve toda a sua vida.

Voltou ao seu quarto escuro, à sua vida triste e solitária. Até que recebeu uma carta de Nástienska. A carta pedia desculpas, e que se pudesse, o amaria a ele, não ao inquilino.

Depois de ler a carta, tão comevedora, o narrador começa a meditar. A carta tinha valido a pena. Aqueles quatros dias de alegria bastaram. Porque, como ele próprio diz, "não basta um minuto de felicidade para encher a vida de um homem?".

Digo-vos, não costumo ler muitos romances. Mas este, adorei. Porque é triste. E porque apesar da sua infelicidade, ele consegui ter esperança.

O romance é pequeno, e percebe-se bem. Penso que a parte mais difícil de perceber é a autobiografia do autor, mas com um bocadinho de esforço, chega-se lá. O romance está divido em seis capitulos, pequenos.

Aqui está a carta que Nástienhka escreveu para o narrador:



"Peço-lhe perdão!
Suplico-lhe de joelhos que me perdoe. Enganei-o e enganei-me a mim própria. Era um sonho, um fantasma... Hoje sofri por si mil mortes. Perdão! Peço-lhe perdão!
Não me censure, pois não mudei fosse o que fosse quanto a si. Disse-lhe que o amaria e continuo a amá-lo, faço mais do que amá-lo. Meu Deus, se pudesse amar-vos a ambos ao mesmo tempo! Se o senhor fosse ele! Se ele fosse o senhor!
Deus é testemunha daquilo que eu gostaria de fazer agora por si! Sei que está mergulhado no acabrunhamento e no desgosto. Causei-lhe mal, mas, quando amamos, lembramo­-mos das ofensas? Ora, o senhor ama-me, não é verdade?
Obrigada, sim, obrigada por esse amor! Ele está impresso na minha memória como um sonho delicioso, daqueles que recordamos muito tempo depois de termos já despertado; porque recordarei eternamente o instante em que tão fraternal­mente o senhor me abriu o seu coração e em que tão magnanimamente aceitou a oferta do meu coração magoado, para o conservar, acalentar e proteger... Se me perdoar, a sua recorda­ção será erigida por mim num sentimento eterno e nobre que nunca mais se apagará da minha alma... Conservarei essa recordação, ser-lhe-ei fiel, não o trairei, não trairei o meu coração: ele é demasiado constante para que isso possa suceder. Ainda ontem, como viu, ele voltou tão depressa à posse daquele a quem para sempre pertence.
Voltaremos a encontrar-nos, o senhor virá a nossa casa, não nos abandonará, será perpetuamente meu amigo, meu irmão... E quando me vir, dar-me-á a sua mão... sim?
Dar-ma-á, pois ter-me-á perdoado, não é verdade? Continua­rá a amar-me como até aqui?
Sim, ame-me, não me abandone, pois eu amo-o de tal maneira neste instante, porque sou digna do seu amor, porque eu o mereço.., meu querida amigo! Casamos na próxima semana. Ele continua apaixonado, nunca me esqueceu... Não se zangue por lhe falar dele. Quero que o conheça: será amigo dele, não é verdade?

Perdoe-me! Recorde e ame a sua

Nástienhka"

Enfim, recomendo.

*O romance chama-se Noites Brancas porque passa-se em quatro noites, entre Maio e Junho. Durante estes meses, em St. Petesburgo, as noites ficam claras, sendo chamadas de noites brancas.
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