A Minha Mulher é uma história narrada por Pavel Anndreievitch e, como o próprio nome indica, fala-nos sobre a sua mulher e sobre a relação fria e tensa que mantém com ela, apesar do amor que lhe tem.
O curioso desta história é que se centra na fome dos camponeses russos e na tentativa de Pavel Anndreievitch ajudá-los. A partir daqui, desta crise social, ficamos a conhecer a mulher de Pavel Anndreievitch e o próprio, para além das guerras que mantinham um com o outro. A distância era a regra de ouro entre os dois, que mal se falavam.
O livro começa com uma carta anónima dirigida a Pavel Anndreievitch, a ver se este consegue ajudar os camponeses (já que possui dinheiro para tal). Anndreievitch resolve ajudar, mas não sabe como – pelo que começa a preocupar-se demais com o assunto, a ponto de não conseguir dormir.
Por sua vez, Nathalie (a sua mulher) já se encontrava a ajudar os pobres sem o seu marido saber. Quando este descobre o facto, decide ajudar a mulher a organizar a papelada, a gerir as doações – o que é realmente um transtorno para Nathalie, que, segundo ela, era a única coisa que lhe restava da vida.
Depois de alguns desentendimentos, e para fazer a vontade a Nathalie (conformado que o casamento já não tinha remédio), Pavel Anndreievitch decide mudar-se para São Petersburgo. Chega a ir à estação de comboios, mas volta para trás.
Decide, também, continuar a ajudar Nathalie – como maneira de se aproximar da esposa. Nathalie chegou a um ponto em que, de tanto querer ajudar os camponeses, começou a doar os próprios bens e a própria fortuna. Pavel Anndreievitch, contudo, não se importava: estava de consciência tranquila e próximo da mulher.
Esta é uma história muito interessante: mostra-nos a realidade social da Rússia e a incapacidade da sociedade em ajudar os mais desfavorecidos, bem como nos mostra a vida dum casal em ruínas; tudo isto, feito com uma escrita simples e envolvente.
Contudo, a história parece que acaba a meio: não sabemos se a situação dos camponeses melhora, piora ou mantém-se igual e nem sabemos se a relação entre Pavel Anndreievitch e a sua mulher fica, pelo menos, mais amigável.
*Imagem: quadro de Klimt