"O melhor desaparece, porque a roda do tempo se lhe opõe. E esta faz rolar tudo por aí abaixo."
Patrick Süskind é um escritor alemão, nascido em 1949, muito conhecido pelo seu livro O Perfume, a sua obra mais afamada. Mas não é desse livro que este post trata; como os leitores podem ver pelo título, o post de hoje é dedicado ao monólogo O Contrabaixo.
O Contrabaixo retrata a vida dum músico e do seu instrumento musical e é narrada pelo próprio músico. A relação que este tem com o contrabaixo é uma relação de amor-ódio, se bem que mais de ódio que propriamente amor…
“Qualquer músico vos poderá assegurar, de boa vontade, que uma orquestra dispensqa sempre o maestro, mas nunca o contrabaixo (…) Aonde eu quero chegar é à constatação de que o contrabaixo é, sem dúvida, o instrumento orquestral mais importante. Mas nisso ninguém repara. (…) O contrabaixo é, como hei-de explicar, uma espécie de obstáculo como instrumento.”
À medida que vamos lendo o livro apercebemo-nos da vida triste do músico, descontente por não ter protagonismo na orquestra onde trabalha, por ninguém reconhecer o seu esforço, por a mulher que ama não reparar nele, por não tocar lindamente contrabaixo.
“Sabem… estou deveras apaixonado. Ou apanhado, não sei. E ela também ainda não sabe. É a… de quem falei há pouco… a pequena… a do elenco da ópera, aquela cantora jovem que se chama Sarah…”
Este monólogo consiste nisto: na descrição da vida do músico, dos seus pensamentos, ideias, e até considerações sobre a música clássica, sobre a vida e sobre o amor.
“Conheço pessoas que possuem dentro de si todo um universo, incomensurável. Mas fazer com que ele saia cá para fora, isso ninguém faz. Seria o fim.”
O Contrabaixo é um livro muito interessante e escrito duma forma inteligente e simples, fazendo-nos sentir empatia pelo músico.