
Imaginem o seguinte cenário: Oscar Wilde, Arthur Conan Doyle e Robert Sherard em plena Londres do século XIX a resolver (como Sherlock Holmes faria) um misterioso assassinato. É disto que este livro de Gyles Brandreth trata. Importa referir que este livro trata de uma história ficcional.
É um livro muito bem conseguido por parte do autor: a história é simples, como a linguagem e a escrita, o que nos faz ler o livro duma só vez e percebê-lo à primeira. No que toca ao mistério, o escritor fez um óptimo trabalho ao apenas revelar-nos o assassino nos últimos capítulos, sem dar-nos sequer uma ideia de quem era nos capítulos anteriores. Como conseguiu o autor fazer isto? Com vários suspeitos, com vários álibis, com vários motivos. O assassino é quem menos se espera, diz-se, e isto aplica-se a esta história. O livro conta com 28 capítulos e tem 200 e poucas páginas. Apesar de ser grande, o que não é um problema, consegue ler-se muito bem (pelas razões já ditas acima).
“Numa tarde resplandecente de sol, no final do mês de Agosto de 1889, um indivíduo na casa dos trinta – alto, com um pouco de peso a mais e roupas demasiado formais – foi recebido numa pequena moradia em banda em Cowley Street, em Westminster, perto das casas do Parlamento.
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É um livro muito bem conseguido por parte do autor: a história é simples, como a linguagem e a escrita, o que nos faz ler o livro duma só vez e percebê-lo à primeira. No que toca ao mistério, o escritor fez um óptimo trabalho ao apenas revelar-nos o assassino nos últimos capítulos, sem dar-nos sequer uma ideia de quem era nos capítulos anteriores. Como conseguiu o autor fazer isto? Com vários suspeitos, com vários álibis, com vários motivos. O assassino é quem menos se espera, diz-se, e isto aplica-se a esta história. O livro conta com 28 capítulos e tem 200 e poucas páginas. Apesar de ser grande, o que não é um problema, consegue ler-se muito bem (pelas razões já ditas acima).
“Numa tarde resplandecente de sol, no final do mês de Agosto de 1889, um indivíduo na casa dos trinta – alto, com um pouco de peso a mais e roupas demasiado formais – foi recebido numa pequena moradia em banda em Cowley Street, em Westminster, perto das casas do Parlamento.
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Tinha pressa e não estava habituado a apressar-se. A sua face estava corada e a testa coberta de suor. Quando entrou na casa – o número 23 de Cowley Street – passou a correr pela senhora que lhe abriu a porta e atravessou imediatamente a estreita estrada, subindo as escadas para o primeiro andar. Aí, à sua frente, para lá de um soalho sem alcatifa, estava uma porta de madeira.
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Por momentos, o indivíduo estacou – para sorrir para recuperar o fôlego, para ajustar o seu colete e, com ambas as mãos, puxar para trás o cabelo castanho encaracolado. Então, suavemente, quase com delicadeza, bateu à porta, bateu à porta e, sem esperar pela resposta, entrou no quarto. Era escuro, com grossas cortinas, quente como um forno e cheirava a incenso. À medida que os seus olhos se habituavam à escuridão, viu diante dele, à luz de meia dúzia de velas que se derretiam, o corpo de um rapaz de dezasseis anos estendido no chão, com a garganta cortada de orelha a orelha.
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O indivíduo era Oscar Wilde, poeta e dramaturgo, a sensação literária da época. O rapaz morto era Billy Wood, um prostituto sem importância.”
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Capítulo 1
À medida que vamos lendo o livro, é-nos impossível ficar indiferentes com a personalidade e inteligência de Oscar Wilde que, para além de descobrir o verdadeiro assassino de Billy, encanta todas as outras personagens.
Há ou não crimes perfeitos? Segundo Oscar Wilde, “ninguém comete um crime sem cometer algo estúpido”. Edgar Allan Poe acreditava que existem crimes perfeitos. Esta é uma obra que nos faz reflectir sobre este assunto e ajuda-nos a chegar à conclusão de que os crimes perfeitos possam existir, mas não depende inteiramente de quem os comete, mas também de quem os resolve.
Recomendo este livro a todos que gostam de policiais, e não só, também a todos que gostam de uma boa leitura. Uma coisa útil que o livro tem é que traz umas breves biografias das personagens reais e do autor. Neste livro, os escritores tornam-se personagens; não muitos livros podem dizer o mesmo.
É assim que começa esta história. Oscar Wilde encontra o corpo de Billy Wood em Cowley Street nº 23 e, depois de jantar com um editor e com Arthur Conan Doyle, conta o sucedido ao seu amigo Robert Sherard. No dia seguinte, em reunião com Robert e com Arthur, autor da sua maior inspiração para resolver este crime – Sherlock Holmes, conta a Conan Doyle o que viu no dia anterior, dizendo que vai desvendar este mistério (que é o que acaba por fazer).
Arthur aconselha, então, Oscar a contar o assassinato à polícia (Scotland Yard) e recomenda-lhe que fale com o seu amigo de confiança desde os tempos universitários, Aidan Fraser. A partir daqui, os três começam a desvendar o mistério do assassinato de Billy Wood (se bem que Fraser é relutante em participar na resolução deste mistério – facto que tem a sua razão). É uma extrema surpresa saber quem é o verdadeiro assassino de Billy Wood, o que torna este livro ainda mais especial.
Arthur aconselha, então, Oscar a contar o assassinato à polícia (Scotland Yard) e recomenda-lhe que fale com o seu amigo de confiança desde os tempos universitários, Aidan Fraser. A partir daqui, os três começam a desvendar o mistério do assassinato de Billy Wood (se bem que Fraser é relutante em participar na resolução deste mistério – facto que tem a sua razão). É uma extrema surpresa saber quem é o verdadeiro assassino de Billy Wood, o que torna este livro ainda mais especial.
À medida que vamos lendo o livro, é-nos impossível ficar indiferentes com a personalidade e inteligência de Oscar Wilde que, para além de descobrir o verdadeiro assassino de Billy, encanta todas as outras personagens.
Há ou não crimes perfeitos? Segundo Oscar Wilde, “ninguém comete um crime sem cometer algo estúpido”. Edgar Allan Poe acreditava que existem crimes perfeitos. Esta é uma obra que nos faz reflectir sobre este assunto e ajuda-nos a chegar à conclusão de que os crimes perfeitos possam existir, mas não depende inteiramente de quem os comete, mas também de quem os resolve.
Recomendo este livro a todos que gostam de policiais, e não só, também a todos que gostam de uma boa leitura. Uma coisa útil que o livro tem é que traz umas breves biografias das personagens reais e do autor. Neste livro, os escritores tornam-se personagens; não muitos livros podem dizer o mesmo.
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Na imagem: Oscar Wilde