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Werther, de Goethe

09/04/2012

Werter com a sua amada, Carlota, e uma das suas irmãs

Apesar de a estética romântica não me ser muito familiar (sou adepta frenética do realismo), achei este livro de Goethe uma obra-prima. Para quem não se lembra ou não sabe: o romantismo é um estilo centrado no indivíduo, na emoção (que é imensa), no subjectivismo (retratando os pontos de vista do indivíduo) e normalmente as histórias centram-se em amores trágicos, ou seja, não correspondidos – pelo menos nos livros que li.

Segundo a wikipedia, fonte primária que nos aparece na pesquisa do também meritório Google, o romantismo divide-se em três fases essenciais: a primeira, em que o amor, isto é, a mulher era desejada mas, por sua vez, os sentimentos não eram recíprocos. Na benfeitora  segunda fase, o amor era conseguido, porém não existia felicidade. A terceira fase, que não interessa para este texto, tende já para o realismo.

Posto isto, já sabemos como um livro romântico vai acabar: o amor não é correspondido ou, se é, há circunstâncias que impedem que o casal esteja junto, e no fim morre alguém. Simples. Para a minha pessoa, isto é um ponto a favor, pois sofro de ansiedade e não perdi tempo a ler as últimas páginas pouco depois de começar a ler o livro.

[O texto a partir daqui tem spoilers.]

A história já ficou resumida no parágrafo acima. Werther é um jovem que se apaixona mortalmente (atentem-se neste advérbio) por uma rapariga que já está comprometida. Fica bastante amigo dela e, curiosamente, também do seu noivo. Naturalmente, o amor não é correspondido e Werther a cada dia fica mais deprimido e soturno – fazendo sofrer, igualmente, os seus amigos. Eu conto já o final: Werther suicida-se com um tiro na cabeça, e ainda chega a sofrer nos seus derradeiros momentos, pois não morreu de imediato.

A morte de Werther

O sofrimento do jovem é inexprimível, o que é o que torna este livro excepcional – porque as descrições do mesmo são sublimes, lindíssimas. Só lendo é que se chega a sentir o que o Goethe descreve (e falava do que sabia, já que, pelos vistos, o livro tem um carácter autobiográfico).

Confesso que foi inevitável relacionar-me com a personagem principal desta obra. Bem sei que o que é relatado no livro, esses sentimentos universais e que todo o ser humano sente pelo menos uma vez a vida, aplicam-se a todos os que se dedicarem a ler o livro.

Porém, esses sentimentos de tristeza e melancolia são tão magistralmente descritos, que simplesmente não os podemos tratar como quaisquer bagatelas que se encontram nos livros de adolescentes.

Mesmo supondo que eu estivesse feliz, ao ler o livro lembrar-me-ia de algum desgostoso ocorrido, passando eu mesma a ficar com esses sentimentos lúgubres – por isso que Werther pediu ao seu amigo que não lhe enviasse os seus livros, que estava bem sem eles.

Uma perspectiva interessante, esta – mas que prova que um livro pode influenciar o nosso estado de espírito. Por outras palavras: os livros são capazes de trazer à tona memórias, quer sejam miseráveis, quer sejam alegres; ou ainda são capazes de nos desviar da realidade.

É por este último aspecto que acredito piamente que uma pessoa triste pode ler um livro deprimente (no bom sentido, isto é, no sentimento que transmite), pois foge à sua realidade. De qualquer maneira, este é o meu caso e, portanto, esta é a minha opinião – não sendo, assim, nenhuma regra de ouro que sirva de guia.

Voltando à história do Werther, apenas vou acabar o texto ao referir que o livro é composto por várias cartas e, no final, por uma pequena narrativa das suas últimas acções. Será escusado dizer que a escrita de Goethe é formidável, de fazer qualquer pessoa ficar com lágrimas nos olhos. 

*Imagens encontradas numa pesquisa do google - maneira de dizer que não me lembro dos sítios concretos onde as fui buscar...
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