Werter com a sua amada, Carlota, e uma das suas irmãs |
Apesar de a estética romântica não me ser muito familiar
(sou adepta frenética do realismo), achei este livro de Goethe uma obra-prima.
Para quem não se lembra ou não sabe: o romantismo é um estilo centrado no
indivíduo, na emoção (que é imensa), no subjectivismo (retratando os pontos de
vista do indivíduo) e normalmente as histórias centram-se em amores trágicos,
ou seja, não correspondidos – pelo menos nos livros que li.
Segundo a wikipedia, fonte primária que nos aparece na
pesquisa do também meritório Google, o romantismo divide-se em três fases
essenciais: a primeira, em que o amor, isto é, a mulher era desejada mas, por
sua vez, os sentimentos não eram recíprocos. Na benfeitora segunda fase, o amor era conseguido, porém
não existia felicidade. A terceira fase, que não interessa para este texto,
tende já para o realismo.
Posto isto, já sabemos como um livro romântico vai acabar: o
amor não é correspondido ou, se é, há circunstâncias que impedem que o casal
esteja junto, e no fim morre alguém. Simples. Para a minha pessoa, isto é um
ponto a favor, pois sofro de ansiedade e não perdi tempo a ler as últimas
páginas pouco depois de começar a ler o livro.
[O texto a partir daqui tem spoilers.]
A história já ficou resumida no parágrafo acima. Werther é
um jovem que se apaixona mortalmente (atentem-se neste advérbio) por uma
rapariga que já está comprometida. Fica bastante amigo dela e, curiosamente,
também do seu noivo. Naturalmente, o amor não é correspondido e Werther a cada
dia fica mais deprimido e soturno – fazendo sofrer, igualmente, os seus amigos.
Eu conto já o final: Werther suicida-se com um tiro na cabeça, e ainda chega a
sofrer nos seus derradeiros momentos, pois não morreu de imediato.
A morte de Werther |
O sofrimento do jovem é inexprimível, o que é o que torna este
livro excepcional – porque as descrições do mesmo são sublimes, lindíssimas. Só
lendo é que se chega a sentir o que o Goethe descreve (e falava do que sabia,
já que, pelos vistos, o livro tem um carácter autobiográfico).
Confesso que foi inevitável relacionar-me com a personagem
principal desta obra. Bem sei que o que é relatado no livro, esses sentimentos
universais e que todo o ser humano sente pelo menos uma vez a vida, aplicam-se
a todos os que se dedicarem a ler o livro.
Porém, esses sentimentos de tristeza e melancolia são tão
magistralmente descritos, que simplesmente não os podemos tratar como quaisquer
bagatelas que se encontram nos livros de adolescentes.
Mesmo supondo que eu estivesse feliz, ao ler o livro
lembrar-me-ia de algum desgostoso ocorrido, passando eu mesma a ficar com esses
sentimentos lúgubres – por isso que Werther pediu ao seu amigo que não lhe
enviasse os seus livros, que estava bem sem eles.
Uma perspectiva interessante, esta – mas que prova que um
livro pode influenciar o nosso estado de espírito. Por outras palavras: os
livros são capazes de trazer à tona memórias, quer sejam miseráveis, quer sejam
alegres; ou ainda são capazes de nos desviar da realidade.
É por este último aspecto que acredito piamente que uma
pessoa triste pode ler um livro deprimente (no bom sentido, isto é, no
sentimento que transmite), pois foge à sua realidade. De qualquer maneira, este
é o meu caso e, portanto, esta é a minha opinião – não sendo, assim, nenhuma
regra de ouro que sirva de guia.
Voltando à história do Werther, apenas vou acabar o texto ao
referir que o livro é composto por várias cartas e, no final, por uma pequena
narrativa das suas últimas acções. Será escusado dizer que a escrita de Goethe é
formidável, de fazer qualquer pessoa ficar com lágrimas nos olhos.
*Imagens encontradas numa pesquisa do google - maneira de dizer que não me lembro dos sítios concretos onde as fui buscar...