Não penses, meu amor..., de Aleksandr Pushkin (tradução de Jorge de Sena)
Não penses, meu amor, que no meu seio guardo
o tumultuar do sangue, o frenesi de que ardo,
os uivos dela, os gritos de bacante em cio,
quando, como unia cobra, sob mim se torce,
e em beijos que remordem e na carícia urgente
vem o estertor final da consumada posse.
Mais doce és tu, amor, tão sossegada e calma –
pelo prazer dorido com que eu sou da tua alma
quando, após longamente suplicar-te ansioso,
com pudica modéstia cedes ao meu gozo
e a mim te dás enfim, mas desviando o olhar.
*Poema encontrado aqui.
*Quadro de Almada Negreiros, encontrado neste site.