É um poema bastante conhecido, é (quase) um cliché da literatura portuguesa. Mas porque não o colocar aqui, se explica o trabalho dum poeta e, até, do leitor?
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
*Imagem: quadro de Cézanne, encontrado aqui.