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Autopsicografia, de Fernando Pessoa

22/03/2011

É um poema bastante conhecido, é (quase) um cliché da literatura portuguesa. Mas porque não o colocar aqui, se explica o trabalho dum poeta e, até, do leitor?



O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.


E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.


E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.




*Imagem: quadro de Cézanne, encontrado aqui.
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