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Não me peçam razões, de José Saramago

15/12/2013

Melancolia, de Edvard Munch (1895) - imagem daqui.

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.


Arrisco-me a dizer que a faceta de poeta de José Saramago não é tão conhecida como a de romancista - mas a qualidade dos seus poemas é tão boa como a dos seus livros. Este poema pode ser encontrado no livro Os Poemas Possíveis (da editora Caminho). Um excerto do mesmo, em pdf, pode ser lido aqui

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