Capa da primeira edição. Imagem da Wikipédia. |
Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto, relata, nas palavras do próprio, “os muitos e grandes trabalhos e infortúnios que por mim passaram, começados no princípio da minha idade, e continuados pela maior parte, e melhor tempo da minha vida”. Melhor tempo da sua vida, esse, que foram vinte e um anos passados em viagens pelo Oriente que poderemos considerar como desgraçadas, tendo em conta os naufrágios, os roubos, os cativeiros e os respectivos maus-tratos.
Embarcou para a Índia à procura de fortuna, que não a encontrou e voltou a Portugal praticamente de mãos a abanar. Decidiu, assim, fazer este relato, que deixou de herança (ou exemplo, se quisermos considerar assim) aos filhos. Tentou ser recompensado pelas suas missões no Oriente, mas só pouco antes de morrer é que lhe foi dada uma pequena tença, pelo que “daqui se entende claramente que se eu e os outros tão desamparados como eu ficámos sem a satisfação dos nossos serviços, foi somente por culpa dos canos e não da fonte, ou antes foi ordem da justiça divina, em que não pode haver erro, a qual dispõe todas as coisas como lhe melhor parecer, e como a nós mais cumpre”.
É um relato interessantíssimo, principalmente pelo facto de compreendermos os efeitos que a chamada “primeira globalização” teve na época, isto é, o choque cultural, as relações comerciais, as disputas e as relações de amizade entre nações.
A leitura da Peregrinação não dispensa, é certo, alguns conhecimentos históricos, bem como linguísticos, mas não é nenhum livro que não se consiga ler (até porque existe a internet e os dicionários).
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Links de interesse sobre o livro:
Grandes Livros: Peregrinação de Fernão Mendes Pinto. Documentário.
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