Pintura de Emil Orlik, encontrada aqui. |
Nesta edição da Quidnovi, o livrinho (não no sentido depreciativo da palavra, mas apenas porque é um livro pequeno) traz dois contos: o primeiro, que empresta o nome a este artigo, e o segundo, intitulado Um Drama na Montanha. São duas histórias interessantes: a primeira relata um caso sobrenatural que envolve um espelho, a segunda narra um caso dramático de uma mulher que não se quer separar do filho.
Ao contrário do que costumo fazer, não irei falar das histórias (pelo que os leitores puristas escusam de se preocupar com os spoilers), mas sim da escrita. As duas histórias são bastante descritivas, ou seja, com longas e intermináveis descrições.
Há quem afirme que esse facto desencanta qualquer narrativa, porque lhe tira a energia, a força, enfadando o enredo. Eu não uso esse argumento, aliás, nem considero as descrições como prejudiciais à história: considero-as necessárias à contextualização, quer das personagens, quer da própria história.
Nalguns casos, as descrições não são exactamente fáceis de se ler, o que se aplica nestes contos de Walter Scott, em que elas são longuíssimas – todavia, creio que o esforço vale a pena, já que, neste caso, o enredo vai ganhando intensidade através dessas descrições.
De qualquer maneira, é a escrita da época, que prezava as longas descrições. (Para quem não aprecia o estilo, é desaconselhável ler estas histórias, ficarão furiosos.)