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O Barco Aberto, de Stephen Crane

17/07/2011

O autor. Imagem retirada daqui.
Stephen Crane foi um escritor e jornalista americano nascido em 1871 (tendo morrido em 1900), afamado pela sua estética naturalista, não deixando de lado o realismo. Como autor, escreveu obras marcantes como A Insígnia Vermelha da Coragem, que fala sobre a Guerra Civil Americana (mais propriamente a história de um recruta). Como jornalista, foi correspondente de guerra – facto que o levou a escrever O Barco Aberto. Aclamado pela crítica, influenciou escritores como Joseph Conrad e Ernest Hemingway.

O Barco Aberto é uma pequena narrativa (é um conto) editada em 1898, e foi baseada numa história verídica – o naufrágio do Commodore. Não pensem que Crane escreveu a história estando do lado de fora; ele estava nesse barco como correspondente de guerra. E o resultado foi um relato bastante poético.

O barco naufragado. Imagem retirada daqui.
Como já referido, o conto fala-nos de um naufrágio, mas não só. Fala-nos da luta pela sobrevivência dos quatro homens (cozinheiro, azeitador, capitão, correspondente) que tentavam fazer o bote chegar a uma praia e da sua consequente aflição.

Muitos serão os homens com uma banheira maior do que o barco que aqui singrava sobre o mar. Estas ondas eram na sua maioria criminosas e barbaramente abruptas e altas, constituindo cada crista de espuma um problema para a navegação do pequeno barco.

Apesar de os homens lutarem e terem esperanças de serem salvos, há espaço para sentimentos fatalistas (se bem que aparecerem menos vezes mas com grande intensidade), o que em grande parte demonstra a sua impotência face à natureza. 

É afrontoso. Se esse rapazeco, o Destino, não for capaz de melhor que isto, então deveria ser privado da condução das sortes dos homens. Se decidiu afogar-me, porque não o fez no início, poupando-me a todo este trabalho? Tudo isto é absurdo…
Sentiam que exprimir um qualquer optimismo naquela altura seria infantil e estúpido, embora todos eles partilhassem dessa percepção da situação.

Os homens acabam por sobreviver, mas não sem um enorme esforço, quer individual quer de equipa. É curioso que eles não sobrevivem na primeira oportunidade, o que mostra a sua dependência do mar (que teria que estar calmo) e das circunstâncias (pois alguém teria de os ver e de perceber que estavam a naufragar).

Uma particular desvantagem do mar reside no facto de, após ultrapassar com sucesso uma onda, descobrirmos que atrás dela vem uma outra tão importante e tão nervosamente ansiosa por provocar inundações em barcos.

É de destacar nesta narrativa as descrições do mar (ou seja, natureza) feitas por Crane, que estão presentes em quase toda a história. Boa parte do conto é dedicado à descrição do mar.

Uma noite passada no mar num barco aberto é uma longa noite. Quando a escuridão por fim se instalou, o brilho da luz, erguendo-se ao sul do mar, mudou para um intenso dourado. No horizonte norte surgiu uma nova luz, um lampejo azulado ao fundo das águas. Estas duas luzes eram a mobília do mundo. De resto, nada mais que ondas.

*Informações sobre o autor retiradas do site online-literature.com e da wikipédia.
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