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A Mulher de Neruda, de Hugo Santos

18/09/2010


Muito resumidamente, esta obra fala-nos dum reencontro entre antigos amores, que se passou numa livraria. Maria Teresa está a trabalhar na livraria que o seu pai lhe deu, quando aparece Álvaro Miguel, seu amor durante a juventude. Juntos, recordam os bons velhos tempos e combinam um jantar. Maria Teresa mente ao seu marido, que ficou a trabalhar, para ir ao jantar. Durante o jantar, Maria Teresa e Álvaro Miguel recordam outra vez o seu passado e falam sobre a sua vida actual – casamento, filhos, trabalho. Maria Teresa pede satisfações a Álvaro Miguel por ele ter viajado, mas o que ela não sabia é que ele esteve exilado na Holanda. Durante este jantar, percebe-se facilmente que os dois estão novamente apaixonados, melhor, continuam apaixonados um pelo outro. “Livro de subtilezas, ironias, dores, amores, esta obra é de uma afirmação irresistível. Os gestos, os sentimentos ganham luz e memória de singular repercussão”. A Mulher de Neruda porque, no auge do romance do casal, ele lia-lhe poemas do escritor, dizendo à rapariga que ela era a "mulher de Neruda".

Talvez seja a parte dos “gestos e sentimentos ganharem luz” a mais interessante nesta obra. Normalmente, não se lê muitas obras que dêem tamanho ênfase aos sentimentos das personagens. Este livro é quase como um livro da estética romântica, exalta-se imenso os sentimentos, principalmente o amor. Nesta obra vê-se também um especial apreço por parte do autor pelas recordações. A inclusão de poemas de Neruda é também interessante, na medida em que vai ajudando a explicar a relação que o casal tinha.

A parte menos interessante deste livro é certamente a repetição constante dos factos. Para se ter uma ideia do quão repetitiva a narrativa é, o autor demorou-se cerca de 40 páginas para dizer simplesmente isto: houve um reencontro na livraria e agora o "casal" combinou um jantar. Não são 40 páginas a descrever, são 40 páginas a descrever o que foi descrito poucas páginas atrás e a descrever as recordações que já foram descritas, mas por diferentes palavras. Apesar disto, entendo a intenção do autor de reproduzir exactamente o funcionamento da mente humana: se repararmos, alguns dos nossos pensamentos estão quase sempre a repetir-se em dada altura. Se Maria Teresa viu Álvaro Miguel depois de tantos anos, normal será que nos instantes a seguir esteja sempre a pensar (ou recordar, como é o caso) no Álvaro Miguel. Contudo, o livro torna-se, devido a estas constantes repetições, aborrecido e moroso de se ler.

O facto de o ex-casal se ter reencontrado por um acaso ao fim de alguns anos, faz-nos pensar nas pequenas coincidências, pequenos acasos das nossas vidas. Se analisarmos bem, as nossas vidas são feitas assim, de acasos e de coincidências.

Confesso: não gostei do livro. Não é que não tenha gostado da história, mas toda a narração torna-se tão repetitiva e gira sempre à volta do mesmo, que a leitura da obra torna-se deveras aborrecida, como já dito acima. Foi dos raros livros que não gostei de ler.

Imagem retirada deste site.
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