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Um Cântico De Natal, de Charles Dickens

24/12/2010

O Natal não é verdadeiramente Natal se não se conhecer esta história de Dickens. Depois de a lermos, passamos a ver esta época festiva duma maneira diferente. Este foi, definitivamente, um dos meus livros preferidos. A maneira como Dickens relata toda a trama é simplesmente fantástica.

Aproveito, também, para desejar aos leitores do hvr um Feliz Natal.

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Síntese da obra:
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Esta história centra-se em Scrooge, “um unhas-de-fome que trabalhava sem descanso! Um velho pecador, extorsionista, falso, ganancioso, avaro, somítico, invejoso! Duro e arguto como uma pederneira, da qual aço algum conseguiria fazer surgir uma centelha de bondade; reservado, contido e isolado como uma ostra. Carregava sempre consigo o seu glacial estado de espírito; gelava o escritório em dias de canícula; e não aumentava nem um grau no Natal”.
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Desde a morte do seu sócio, Marley, que Scrooge começou a ficar mais azedo, por assim dizer, e nem a alegria da época natalícia o consegue adoçar.
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Numa noite, o fantasma de Marley aparece a Scrooge, dizendo a este que irá ser visitado por Três Espíritos (Espírito do Natal Passado, Espírito do Natal Presente e Espírito do Natal Futuro), nos três dias seguintes, à uma hora da manhã. A partir daqui, Scrooge viaja para o passado, viaja no presente e viaja para o futuro. Nestas viagens acompanhadas pelos respectivos espíritos, Scrooge vê o que mudou em si e vê também o que as outras pessoas de suas relações pensam dele.
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Efectivamente, Scrooge, em tempos passados, até gostava do Natal, até ter começado a ficar ganancioso. E, a partir de então, considerava que o Natal era um desperdício de tempo e, mais grave, desperdício de dinheiro. Esta sua nova perspectiva, não só sobre o Natal mas também sobre a vida, custou-lhe a relação que tinha com a sua companheira.
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No que toca à viagem no presente, Scrooge apercebe-se de que ninguém se preocupa ou gosta verdadeiramente dele, o que, óbvio, o deixa transtornado e disposto a mudar a sua atitude. Nesta viagem, vê o pequeno Tim doente e quase a morrer, o que o deixa enternecido e com compaixão.
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Porém, o que o leva realmente a arrepender-se dos seus comportamentos é a viagem que faz ao futuro (onde o Espírito, curiosamente, tem uma imagem parecida com a morte), onde vê o seu próprio perecimento. Foi aqui, perante a sua morte, que entendeu realmente o que as suas atitudes lhe tinham trazido: nada. Percebeu, também, que o mais importante é a amizade, as relações com as pessoas para se ser feliz, e não o dinheiro. Pediu perdão pelos actos, mas o Espírito continuava a não falar-lhe.
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No fim das viagens com os Espíritos, Scrooge encontrava-se verdadeiramente disposto a mudar. Começou por aceitar jantar na casa do seu sobrinho, ofereceu um peru a Bob (seu empregado no escritório) e aumentou-lhe o salário. Ofereceu dinheiro à caridade. Começou a sorrir e a falar amavelmente com as pessoas. Deixou o seu ar carrancudo. Foi um segundo pai para o pequeno Tim. Começou a gostar do Natal. Mudou.
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Mas o mais importante a reter desta obra é o facto de Scrooge se ter apercebido dos seus erros e ter mudado para melhor, evitando um futuro que parecia ser inevitável. E é aqui que o verdadeiro espírito natalício é-nos dado por Dickens: é sermos melhores pessoas, no Natal e nos restantes meses do ano.
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Parte mais interessante:.
Normalmente não aprecio histórias que incluem a temática fantástica, mas para mim a parte mais interessante na obra foi mesmo essa, o fantástico. Eu considero estes espíritos como sendo uma metáfora, uma metáfora que significa reflexão e compreensão do eu. Uma coisa curiosa é que outro autor realista já fez uso da temática fantástica numa obra, nomeadamente Oscar Wilde em O Retrato De Dorian Gray, também para permitir ao leitor fazer uma reflexão.
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Valeu a pena ler esta obra porque
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Para mim, vale sempre a pena ler uma obra realista, quer para perceber o século XIX quer para perceber os ideais e os pensamentos dessa época. Ademais, fez-me perceber a verdadeira essência do Natal (que já foi descrita acima). Se este livro for lido na época natalícia, ainda ganha um “gostinho” especial.
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Esta obra fez-me reflectir sobre...
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Creio que seja inevitável, à medida que lemos a obra e à medida que vamos descobrindo Scrooge, fazer uma reflexão sobre os nossos actos e as nossas atitudes, boas ou más.
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