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Considerações sobre Sherlock Holmes (e as minhas anotações) - parte 2

25/02/2012



Ler a parte 1 aqui.

4. Sherlock Holmes não gosta da maneira como Watson, seu amigo, cronista e biógrafo, escreve as narrativas sobre as suas aventuras. Para Holmes, Watson coloca muita dramaticidade e sensacionalismo nas histórias, em vez de se concentrar no que é essencial, isto é, nos casos em si, na ciência das coisas. E Watson argumenta que apenas dá a conhecer as faculdades de Holmes. Se Arthur Conan Doyle escrevesse as histórias sem dramaticidade e certo sensacionalismo, seriam menos interessantes.

“(…) devo confessar que você tem um dom de selecção que desculpa muita coisa deplorável, a meu ver, nas suas narrativas. O seu hábito fatal de olhar para tudo como uma história, em vez de exercício científico, arruinou o que poderia ter sido uma instrutiva e até mesmo clássica série de demonstrações. Refere-se por alto a um trabalho de grande astúcia e delicadeza, para se apoiar em pormenores sensacionalistas, que podem excitar, mas não instruir o leitor.”(A Granja da Abadia)

5. Quem nos conta as histórias de Holmes é Watson, como todos sabemos. Watson centra a narrativa na personalidade de Holmes, portanto pouco sabemos sobre o nosso querido narrador – o que não deixa de ser uma pena.

6. Sherlock resolvia os casos por puro amor à sua profissão e, também, por um sentimento de justiça (não raras vezes deixa escapar um criminoso, pois considera o crime como um acto de justiça). Quanto mais estranho o caso fosse, melhor seria para o detective resolvê-lo.

“Como todos os artistas, Holmes amava a arte pela arte e, a não ser no caso do duque de Holdernesse, raras vezes o vi reclamar grande recompensa pelos seus inestimáveis serviços. Tão desprendido – ou caprichoso – se mostrava, que muitas vezes recusava-se a ajudar os ricos e poderosos, dedicando semanas aos interesses de qualquer cliente humilde que lhe trouxera um caso cheio de curiosas e dramáticas qualidades que apelavam para a sua imaginação e lhe desafiavam a argúcia.”(Pedro Negro)

7. Curiosamente, as faculdades extraordinárias de Holmes, segundo o próprio, são hereditárias.

“O assunto em questão era saber até que ponto uma característica especial de um indivíduo se devia aos seus antepassados ou, por outro lado, a um treino iniciado muito cedo.
- No seu caso – disse eu –, a julgar pelo que me tem contado, parece óbvio que a sua capacidade de observação e a sua facilidade peculiar para a dedução se devem ao seu próprio treino iniciado muito cedo.
- Até certo ponto – respondeu, pensativamente. – Os meus antepassados eram cavalheiros da província e parecem ter levado a vida inerente à sua classe. Mas, apesar disso, esta minha inclinação está-me nas veias e pode ter vindo da minha avó que era irmã de Vernet, o artista francês. No sangue, a arte está sujeita a tomar as formas mais estranhas.
- Ora, mas como sabe que é hereditariedade?
- Porque meu irmão Mycroft a possui num grau ainda mais elevado do que eu.”
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