*O resumo contém spoilers.
*Estas histórias fazem parte do conjunto de contos "Regresso de Sherlock Holmes". Na colecção da Global Notícias, é o volume 6 (Regresso de Sherlock Holmes II).
A Casa Vazia – esta é uma história com várias histórias dentro. Mas comecemos pelo princípio, com o regresso de Sherlock Holmes. Como os amigos leitores certamente estarão lembrados, em O Problema Final, foi-nos narrado que Sherlock Holmes caiu de um precipício com Moriarty – e daí deduz-se que morreram os dois.
O que foi que não aconteceu. Quem caiu no abismo foi Moriarty e Holmes, a bem dizer, ficou a vê-lo cair. O detective forjou a sua morte porque sabia que os cúmplices de Moriarty iriam atrás dele.
Como é sabido, Conan Doyle matou Holmes porque não queria continuar as suas histórias, mas protestos de leitores tristes e amargurados fizeram com que o escritor desse novamente vida ao detective – e nós só podemos estar gratos por isso.
Esta é uma parte da história. A outra parte, envolve o caso do assassinato de Ronald Adair. O caso é resolvido da seguinte maneira: Holmes e Watson esperam numa casa vazia que está em frente ao seu apartamento na Baker Street, ficando no apartamento uma réplica do detective. Enquanto esperam, ouvem passos na casa, e um homem entra na divisão onde Holmes e Watson estavam. Esse mesmo homem debruça-se sobre a janela e atira para a janela do apartamento do detective.
Sherlock, então, atira-se sobre o homem e Watson, vendo que Holmes não conseguia debater-se com ele, dá-lhe com a sua arma na cabeça. Entretanto, dois polícias chegam e prendem o homem, que era o coronel Moran (um dos cúmplices de Moriarty). A acusação? Não foi a tentativa de homicídio de Sherlock Holmes, mas sim o assassinato de Adair.
Para terminar, convém dizer que esta história é ligeiramente diferente das restantes sobre o detective: aqui, não nos é apresentado o processo de investigação (os inquéritos, as saídas de Holmes, as suas vigias, etc., etc.).
O Construtor de Norwood – Um rapaz chamado John McFarlane, advogado, procura Sherlock Holmes, para que este o ajude a livrar-se duma acusação injusta de assassinato.
Desesperadamente, o jovem conta a sua história: o senhor Oldacre, famoso e endinheirado construtor de Norwood, contactou o advogado para que este legalizasse o seu testamento. Esse mesmo testamento declarava que deixava a fortuna toda do construtor para McFarlane, devido a Oldacre ter conhecido os seus pais na juventude e de não ter parentes vivos. Demais, o construtor pede ao jovem para jantar em sua casa para resolver uns assuntos, com o compromisso de nada dizer aos seus pais. McFarlane vai a casa de Oldacre, janta e, na hora de se ir embora, esqueceu-se da bengala – que o construtor prometeu devolver-lhe depois.
John McFarlane dorme num hotel nas redondezas e, ao apanhar o comboio de regresso à sua cidade, lê o jornal e depara-se com a aterradora notícia de que Oldacre foi assassinado e carbonizado – e de que é o principal suspeito. Assim sendo, dirige-se a Sherlock Holmes, sendo já perseguido por Lestrade e companhia.
Lestrade prende o rapaz pelos motivos óbvios: a sua bengala estava no local do crime e, ainda por cima, acabara de lucrar com a morte do homem. Entretanto, Sherlock Holmes parte para a sua investigação e, primeiramente, só fica a saber que a mãe do jovem fora noiva de Oldacre, mas rejeitou-o (por ser má pessoa… e por atirar gatos para o aviário e divertir-se com isso).
Todas as evidências, e o curso das investigações policiais que chegam a descobrir uma impressão digital de McFarlane onde antes não estava, levam a crer que o jovem advogado é culpado pela morte de Oldacre. E Lestrade não pode deixar de gozar com Holmes por lhe levar a melhor.
Enquanto isso, Holmes sabe que a impressão digital colocada na casa de Oldacre é a prova da inocência do rapaz. Não vou contar o fim da história, porque senão estraga-se a surpresa (e é mesmo surpresa), apenas convém dizer que McFarlane era inocente e que Holmes tinha razão, resolveu o caso e ainda teve tempo de rir de Lestrade. É que quem ri por último ri melhor…
Os Dançarinos – todos ou quase todos os casos que Holmes resolve são estranhos, e este não é excepção. E se esta história não figura no topo da lista dos casos mais estranhos, certamente está no topo da lista dos casos mais curiosos.
O senhor Hilton Cubitt foi procurar Holmes devido ao seguinte: encontrou no peitoril da sua janela uns bonecos (aqueles que são feitos com linhas) e, desde aí, a sua mulher ficou agitada e, até, aterrorizada.
Mas comecemos pelo princípio: o senhor Cubitt conheceu a sua mulher, que é americana, em Londres. Passado pouco tempo, ficaram noivos e casaram-se, com a seguinte condição da parte a noiva: que Cubitt nada lhe perguntasse sobre o seu passado, apesar de não ter feito nada de que o pudesse envergonhar.
Quando a sua mulher recebeu uma carta dos EUA, começou a ficar preocupada. Um mês depois, começaram a aparecer os bonecos desenhados e aí é que realmente a senhora ficou agitada. Holmes, todavia, não pode fazer nada, e apenas recomenda que Cubitt regresse a casa e que o torne a ver quando houver novidades. Passados alguns dias, Holmes recebe novidades do seu cliente: mais desenhos apareceram.
Quando Holmes se apercebe da gravidade do assunto (apesar de parecer uma brincadeira por causa dos bonecos), corre para Norfolk, mas quando lá chega recebe a notícia de que o senhor Cubitt foi assassinado pela mulher e que a mulher tentou suicidar-se, mas sobreviveu.
Contudo, o que as investigações revelam é que houve uma terceira pessoa no local do crime. Holmes acaba por apanhar o criminoso, que era o antigo noivo da mulher de Cubitt – que, no entanto, não tinha intenções de magoar ninguém: atirou em Cubitt porque ele apareceu e lhe apontou a arma. Quanto à sua antiga noiva, apenas queria que fugisse com ele, o que ela não aceitou por ser criminoso procurado (desde a altura em que eram noivos).
Sherlock Holmes não conseguiu evitar uma tragédia, mas vingou a morte de Cubitt. Quanto à mulher, recuperou dos ferimentos.
*Os dançarinos são os bonecos.